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domingo, 15 de maio de 2011

Artigo

As novas Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas pedagógicas


Elizângela de Paiva Leite


As novas tecnologias da informação e da comunicação estão provocando profundas mudanças em todas as dimensões da nossa vida. Fazemos parte de uma revolução tecnológica, onde os avanços alavancam modificações significativas também na Escola, uma vez que esta está inserida em um contexto social, político e cultural determinante na formação integral do ser humano.

É notório o fato de que, diante desse novo quadro, os educadores apresentem certa resistência à inovação tecnológica, e há razões culturais, sociais e políticas para essa atitude. Isto é preocupante, pois, nesta Escola inovada, o papel do professor é fundamental. De acordo com a sua atuação, ajudará o aluno a atribuir significados às mensagens e informações recebidas, das mais diversas formas. É certo que os recursos tecnológicos devem ser utilizados como mais uma ferramenta na construção de conhecimentos, e o professor deve reconhecer que faz parte desse processo, gerando autonomia e facilitando a construção de aprendizagem.
Essa Escola inovada busca a educação básica de qualidade para todos. O contato e uso adequado das tecnologias ampliam o horizonte de educadores e educandos, e acena para novas possibilidades pedagógicas. Atualmente a maioria das escolas estão equipadas em termos de tecnologias, com vistas na melhoria da qualidade do ensino. Hoje, temos uma Escola que, há menos de vinte anos, não acreditávamos ter: equipada com laboratórios de informática e com internet, com receptores, TV, DVD, filmadoras, data show, entre outros.

Sabemos que as mídias, por si sós, não são suficientes, no sentido de trazer contribuições pedagógicas. As mídias não são determinantes do processo educativo, pois necessitam da ação e reflexão humanas. Os benefícios das tecnologias, na esfera educacional, devem ajustar-se às necessidades de determinado projeto político-pedagógico, colocando-se a serviço de seus objetivos e, nunca, determinando-os.
Embora a tecnologia não seja a solução de todos os problemas de ordem educacional, representa uma aliada na criação de situações que favoreçam a aprendizagem.

Este momento de inserção das mídias na escola, portanto, é oportuno, para discutirmos um novo paradigma de ensino e utilizá-lo para incorporar novos referenciais teóricos à prática pedagógica, visto que as novas tecnologias podem propiciar novas concepções de ensino-aprendizagem.
Os equipamentos já estão nas escolas. Inseri-los numa prática educativa de professores e alunos é estar coerente com a realidade global, uma vez que a maioria dos alunos já utiliza as tecnologias, embora para outros fins. Cabe, agora, à escola e ao professor, apropriar-se dessa relação e utilizá-la no contexto educacional. E, diante desse fato, nos deparamos com uma questão inquietadora: como as escolas se prepararam para receber as TIC? E os professores? Eles têm atendido às exigências educacionais atuais? Segundo Prado:

A reconstrução da prática requer a sua compreensão e a articulação de novos referenciais pedagógicos que envolvem os conhecimentos das especificidades das mídias, entre outras competências que o paradigma da sociedade atual demanda. Em síntese, o processo de reconstrução do conhecimento e da prática abarca a concepção de aprender a aprender ao longo da vida, numa rede colaborativa que, por sua vez, é viabilizada pela rede tecnológica, integrando as diversas mídias. (Prado, 2001. Pag. 6.)

Fazendo uma reflexão sobre a mudança no cenário educacional, em consonância com o advento das novas tecnologias na escola, constatamos que o professor, hoje, tem a consciência da necessidade da inserção das TIC na sua práxis pedagógica. Apesar disso, ele mostra-se fragilizado e inseguro em relação ao seu uso, uma vez que faz parte de uma geração onde o acesso à tecnologia era restrito. Portanto, é imprescindível que a escola defina, claramente, o seu objetivo, quanto ao uso da tecnologia em seu ambiente. Não oferecer acesso a esse meio é omitir o contexto histórico, sócio-cultural e econômico vivenciado pelos educadores e educandos.

Neste sentido, o contexto globalizado em que vivemos hoje traz uma reflexão sobre o papel da escola na atualidade. Nesta conjuntura, ela busca manter a sua função social, que é a formação integral do educando, agregando os valores e necessidades atuais, visto que ela não mais representa a única forma de obter conhecimentos.
Ante a essas novas realidades, a escola deve ser um veículo de informações e conteúdos, e deve transformar-se num local de análises críticas e de produção de informação; um local onde os alunos procurem as informações nas aulas, nos livros, nos meios de comunicação, e que haja elementos para analisar, criticamente, estas informações recebidas, para poderem dar, a elas, um significado pessoal, o que chamamos de “construção da autonomia”. E esta deve ser pautada na construção de saberes necessários à conscientização dos fatos, da análise crítica dentro de uma perspectiva da ética e do conhecimento. Segundo Freire, na obra Pedagogia da Autonomia:

“A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade”. (FREIRE, 1998, p. 121)

A escola, portanto, deve habilitar os educandos a pensar de maneira reflexiva, sendo necessário, a eles, não somente o domínio da linguagem, como, também, a criação da informação.
A expressão "Tecnologia na Educação" nos adverte que as tecnologias foram inventadas para outras finalidades alheias à educação; no entanto, atualmente, é praticamente inconcebível a educação sem essas tecnologias. Entretanto, o uso do computador integrado a softwares educativos não garante o uso adequado desta tecnologia como ferramenta pedagógica. O fato de o professor utilizar o computador em suas aulas, não implica em dizer que ele está desenvolvendo uma metodologia inovadora. A aula poderá ser tão tradicional quanto uma aula expositiva com quadro e giz, pois não representam desafios, não estimulam a curiosidade nem a resolução de problemas. Segundo FREIRE, no “V Colóquio Internacional Paulo Freire”, em Recife, de 19 a 22-setembro 2005:


O problema é saber a serviço de quem eles (computadores) entram na escola. Será que vai se continuar dizendo aos educandos que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil? Que a revolução de 64 salvou o país? Salvou de que, contra que, contra quem? Estas coisas é que acho que são fundamentais (FREIRE, 1984a, p. 1)

A construção das competências tecnológicas, por parte dos professores, vem acontecendo de forma branda, pois apesar dos vários programas educacionais de inclusão digital para docentes, e das TIC estarem presentes no contexto escolar, o processo de formação do professor não acompanha o ritmo acelerado das inovações. Este fator ainda representa uma barreira, uma vez que a apropriação das novas tecnologias e a quebra de paradigmas não se dão de forma imediata. Há toda uma construção ao longo da vida, e a desconstrução de conceitos requer mais conscientização do que as construções. Segundo Moran:


"Aprendemos quando interagimos com os outros e o mundo e depois, quando interiorizamos, quando nos voltamos para dentro, fazendo nossa própria síntese, nosso reencontro do mundo exterior com a nossa reelaboração pessoal". (MORAN, 2000, p. 23).

Portanto, “inovar” requer, do professor, uma reflexão ininterrupta sobre sua ação pedagógica, ampliação de seus conhecimentos e aperfeiçoamento de suas habilidades; mas, também, a aceitação do novo, a conscientização da necessidade de mudanças, para oferecer uma boa educação. Exige capacitação, estudos e pesquisas, que permitam reorganizar novos conhecimentos, que orientem suas ações pedagógicas. A respeito disso, diz FREIRE:

Por isso é que, na formação permanente dos professores, o fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto, que se confunda com a prática. (FREIRE, 2008, p. 39).

Antes de aplicar em sala de aula, é importante que o professor use as novas tecnologias para fins pessoais; antes de aplicar o conhecimento tecnológico em sua prática pedagógica, é importante que ele o utilize em seu dia-a-dia, de forma autônoma. Esses conhecimentos prévios podem ser adquiridos em cursos, oficinas, palestras, e são importantes para que o professor esteja inserido no contexto tecnológico, tendo em vista que seus alunos já fazem uso e dominam essas ferramentas digitais. Desta forma, ele estará construindo um conhecimento técnico e é também uma forma de conhecer o mundo do aluno, sua linguagem, suas habilidades e competências.
Portanto, os educadores necessitam, urgentemente, de formação inicial e continuada, como forma de promover a mudança que necessita. As escolas já estão equipadas tecnologicamente; resta, agora, investir mais no professor. Não basta ter acesso às mídias: é preciso utilizá-las, de forma que garanta a formação do cidadão autônomo, com as competências necessárias para o atual mundo globalizado.



Referências Bibliográficas


ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática – Os computadores na escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez,2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 24ª Ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2002.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professora, Adeus Professora?: novas exigências educacionais e profissão docente. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso Conhecimento. INTERCOM Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, XVII (2): 38-49, julho-dezembro 1994.

PRADO, M. E. B. B. Articulando saberes e transformando a prática. Boletim do Salto para o Futuro. Série Tecnologia e Currículo, TV ESCOLA SEED MEC, 2001.Disponívelem:http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2001.

PORTO, Tania Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... relações construídas. Disponível em: http://scielo.br/pdf/rbedu/v data: jan/abr/2006. Acesso em 05/03/2010.


ROSINI, Alessandro Marco. As tecnologias da Informação e a Educação a Distância. São Paulo: Thomson, 2007.

TVE BRASIL. Salto Para o Futuro. Tv Escola. Disponível em: www.tvebrasil.com.br/salto

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Um Computador por Aluno - U C A

O programa do Ministério da Educação, Um Computador por Aluno (UCA), que distribui computadores portáteis (laptops) para iniciar os estudantes na inclusão digital e melhorar o aprendizado, contemplou a Escola Estadual General João Varela - Ceará-Mirim/RN com 441 máquinas.  A referida escola recebeu o programa com muita alegria e inicia uma jornada de estudos para a utilização dos computadores.

domingo, 15 de agosto de 2010


"Os cidadãos civilizados não são produto do acaso, mas de um processo educativo."

(Karl Popper)

Pensando sobre o tema...


"A mídia representa um campo autônomo do conhecimento que deve ser estudado e ensinado às crianças da mesma forma que estudamos e ensinamos a literatura, por exemplo. A integração da mídia à escola tem necessariamente de ser realizada nestes dois níveis: enquanto objeto de estudo, fornecendo às crianças e aos adolescentes os meios de dominar esta nova linguagem; e enquanto instrumento pedagógico, fornecendo aos professores suportes altamente eficazes para a melhoria da qualidade do ensino. (Belloni, 1991, p. 41)."